ARQUIVO DE EMERGÊNCIA. documentação de eventos de ruptura
O Arquivo de emergência é uma é uma iniciativa independente. Uma situação de pesquisa criada para conectar eventos em arte contemporânea brasileira. O Arquivo circula pelo Brasil em várias instituições desde 2005, estabelecendo parcerias e edições específicas. Reúne material sobre “eventos de ruptura” [1] ocorridos desde meados de 1998 no território do Brasil. Consiste na produção de um arquivo de documentos e índices a projetos de artes visuais, coleta e sistematização de material informacional [porção material do arquivo] [2]; e em ações de entrevista, conversa, acompanhamento da produção de grupos e artistas, participação em encontros e seminários, entre outros [porção situacional e crítica do arquivo]. A pesquisa costura os universos da produção artística e das formas possíveis de documentação, observando criticamente as imbricações entre tais e a capacidade de infringir no desenho de um campo de criação artístico em contato intenso com o campo social. É uma iniciativa em processo e, portanto, sempre inacabada.
Como iniciativa “documental” assume o desafio de elaborar criticamente noções de arquivamento, documentação, historiografia, classificação, nominação e demais práticas anexas. Bem por isto, o Arquivo de emergência inventa um vocabulário de termos e conceitos que condizem com suas buscas e arquivamentos.
O Arquivo de emergência, ao agregar em uma mesma situação documental iniciativas inscritas no campo das artes visuais, e ao organizar um sistema de informação [estrutura do arquivo] a partir de tais iniciativas, multiplica linhas conectivas já existentes entre tais iniciativas. Bem por isto, A Arquivista e Cristina Ribas sugerem a observação de ações artísticas inscritas no campo da arte e no enfrentamento de suas bordas como ações que decorrem de um processo dialógico, no qual pode-se elaborar continuidades, descontinuidades, parcerias, cópias, negações, associações, ad infinitum… Com isto, os materiais documentais dispostos no Arquivo de emergência podem também ser usados como índices a demais EVENTOS, ESTRATÉGIAS, DOCUMENTOS, TEXTOS, IMAGENS, LINKS, criando uma rede de arquivamento e indexação ilimitada.
Entre algumas questões que ajudam a elaborar o recorte deste Arquivo, A Arquivista propõe pensar: de que forma a arte pode ter intervenção social?; de que forma a sociedade e suas condições modificam a arte? Arriscando uma hipótese, desde meados de 1998 se pode observar uma intensa ocupação do espaço das “ruas” ou dos “espaços públicos” – apontada pelos próprios grupos de artistas, ativistas, por críticos de arte e jornalistas. No Arquivo, o espaço das ruas é também pensado pelo conceitos de “esfera pública” e “comum”, ou seja, de que forma a arte requer, para seu acontecimento alguma forma de mobilização social em gradientes de participação e colaboração, e de que forma a prática da arte constitui a multiplicidade da sociedade. Com estas questões e hipóteses, pode-se afirmar que o trabalho do Arquivo de emergência criar uma situação crítica de documentação para parte da arte brasileira que tem implicações políticas, duplamente em direção/relação à sociedade, como em direção/relação ao campo da arte – considerando devidamente as intersecções e fluxos entre tais.
De uma forma, torna-se uma estrutura de aprendizagem com a qual se pode tomar conhecimento de parte da arte brasileira, desmistificando julgamentos que reservam às artes visuais a necessidade de um saber especializado.
O Arquivo aposta no espaço-tempo dilatado da pesquisa e na situação pública dos arquivos como possibilidade de constituição de laços de sociabilidade no comum e/ou na sociedade.
É organizado pela Arquivista e por Cristina Ribas.
[1] trecho do texto de instituição do Arquivo, “Situação”: “A RUPTURA é a condição subjetiva dos EVENTOS, que surgem como diferença no cotidiano dos corpos. A improvisação, a sensibilidade, o escracho, a ironia, a proposição e a colocação de presenças distintas em campos de visibilidade ressignificados são ações de RUPTURA, produto de novas subjetividades na urbanidade dos corpos-AGENTES.” [2] Os documentos são em grande parte produzidos por artistas, compreendendo folhetos, imagens, textos, relatos, catálogos, livros, projetos, rascunhos, etc.
Fonte: http://arquivodeemergencia.wordpress.com/
27 julho, 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário