28.12.2008 - DW-World.deDeutsche Welle
Artista francês registra batimentos cardíacos na capital alemã.
Projeto que evoca relevância da memória coletiva já passou por Paris e Estocolmo e deverá terminar em 2010 numa ilha do Japão.
Desde os anos de 1960, Christian Boltanski trata de questões relacionadas à memória, fazendo do arquivar um de seus principais métodos. Nesse trabalho o artista grava, com a ajuda de um estetoscópio e de um notebook, os batimentos cardíacos daqueles interessados em participar.
Desde os anos de 1960, Christian Boltanski trata de questões relacionadas à memória, fazendo do arquivar um de seus principais métodos. Nesse trabalho o artista grava, com a ajuda de um estetoscópio e de um notebook, os batimentos cardíacos daqueles interessados em participar.
Arquivar para não esquecer
"Trata-se da contradição entre significância e fragilidade. Ouvir o próprio coração é uma forma de saber o que realmente somos", filosofa o artista em entrevista è emissora de rádio Deutschlandfunk. No fundo, Boltanski repete neste projeto o que vem fazendo no decorrer de sua sólida trajetória como artista desde os anos de 1960: a criação de pequenos monumentos às pequenas existências.
O artista se preocupa com rastros de pessoas desconhecidas (sejam documentos, roupas, fotos ou agora batimentos cardíacos), a fim de arrancá-las do anonimato das estatísticas e lhes devolver uma individualidade digna. Um dos cernes de sua obra é não ver na multidão uma massa, mas sim uma confluência de indivíduos.
Neste sentido, os "arquivos do coração" recolhidos em Berlim servem para dar continuidade à tradição boltanskiana: arquivar, a fim de não esquecer. Mesmo que, à primeira vista, cada um acredite que seu próprio coração não seja digno de registro, o artista aposta na memória.
E, acima de tudo, na relevância desta memória – individual e coletiva – para as próximas gerações: "Os corações que gravo agora ainda vão continuar batendo quando seus donos – e eu mesmo, o artista – já não estivermos mais aí. Meu coração vai sobreviver à minha pessoa", observou Boltanski no diário berlinense taz.
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